Metodologias de ensino, avaliação dos Programas de Residência e currículo por competências foram temas do I Fórum de Ensino realizado pela SPI

No último sábado, 31 de agosto, foi promovido pela Sociedade Paulista de Infectologia o I Fórum de Ensino das Doenças Infecciosas e Parasitárias na Graduação de Medicina e nos Programas de Residência Médica do Estado de São Paulo. Evento gratuito, foi feito com o objetivo de discutir e produzir um documento para nortear o ensino das doenças infecciosas e parasitárias nas escolas médicas e programas de residência médica.

Segundo a especialista, a principal mensagem que buscou passar foi a de que, quando se trata de pensar abordagens para aprendizagem, o foco principal deve ser o indivíduo que vai aprender. “Em qualquer estratégia que se utilize, deve ser observado se é capaz de estimular o aprendiz a aprender. Existem  algumas técnicas descritas e as melhores opções são aquelas centradas no estudante, permitindo que desenvolva seu raciocínio clínico, crítico, que seja capaz agregar o conhecimento e que contribua para saber aplicar em diferentes situações clínicas”, explicou a médica.

Em relação ao uso da metodologia Team Based Learning (TBL) nos cursos de medicina, a especialista demonstrou uma visão muito otimista dizendo que é uma estratégia bastante interessante. "O TBL pode ser aplicado em grupos grandes de estudantes, ao mesmo tempo em que propicia trabalho em pequenos grupos. Além disso, a estratégia se baseia nos princípios de aprendizagem de adultos, incluindo a responsabilização de se preparar antes da sessão, compartilhar e aprimorar seu conhecimento com o grupo", destacou Eliana.
Já a segunda apresentação foi sobre a "Avaliação dos Programas de Residência em Infectologia: Estamos formando um bom residente? O que está faltando?", apresentada pela infectologista e Profa. da Faculdade Medicina de Botucatu – Unesp, Lenice do Rosário de Souza. A especialista iniciou o seu conteúdo com importantes dados em relação à  Residência Médica, tais como: a lei federal que instituiu a residência médica, e sobre os Programas de Residência Médica em Infectologia existentes no Brasil, bem como, os requisitos mínimos para os programas e nova matriz de competências elaborada pela Comissão Nacional de Residência Médica e pela Sociedade Brasileira de Infectologia, chamando atenção de que essa última não aponta os cenários de ensino, nem as porcentagens das cargas horárias na divisão do treinamento nas diversas áreas.  E quando questionada sobre a formação dos residentes, ela respondeu de forma positiva, porém destacou um ponto importante.

“Acredito que estamos formando bons residentes, mas faltam estudos sobre os egressos, o que poderia nortear sobre a avaliação dos Programas  Precisamos ter uma ideia pelo menos de onde estão esses residentes formados, o que eles fazem, se estão atuando na área, quantos estão trabalhando na formação de pessoas, ou seja, quantos são professores, quantos trabalham em consultórios e serviços públicos. Nós não temos uma noção disso e precisamos ter. Pelo menos, por intermédio da Sociedade Paulista acho que seria possível conseguir essas informações”, ressaltou Lenice.

E a última palestra sobre "Currículo por competências: como avaliar estudantes e residentes nesta perspectiva?" ficou por conta do infectologista e Prof. da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP), Valdes Bollela. Foi abordada a avaliação, tanto do estudante na graduação como do residente, entendendo que ela é uma etapa fundamental da formação. Isso porque, só é possível saber se o indivíduo está em condições de ser médico ou pode ser considerado um especialista se ele tiver conhecimento, habilidade e se sabe usar isso para resolver problemas e tratar pessoas.

“Isso só se descobre com avaliações regulares e seriadas. Existem várias formas de se fazer isso, como as avaliações de conhecimento e habilidades com propósito de se tomar decisões (aprova ou reprova), que é a avaliação somativa em que se decide se o estudante está pronto, tem condições de se formar médico ou não. A outra forma de avaliação, a formativa,  é ainda incomum na graduação e residência, e deve ser feita a longo do período de formação e envolve avaliação de comportamento e atitudes, além é claro prover feedback sobre habilidades clínicas observáveis como a higienização das mãos ou uma orientação de forma claro e adequada para um paciente ou seu familiar”, concluiu Bollela.





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