Chuvas e alagamentos trazem alerta sobre Leptospirose

  As fortes chuvas que atingiram São Paulo e outros estados nos últimos dias têm causado uma preocupação nos especialistas sobre a transmissão de doenças, como a leptospirose, uma enfermidade infecciosa transmitida ao homem pela urina de roedores, principalmente durante as enchentes. Além das inundações, a ocorrência está relacionada também às precárias condições de infraestrutura sanitária e alta infestação de roedores infectados. 

Trata-se de uma zoonose de grande importância social e econômica, por apresentar elevada incidência em determinadas áreas, alto custo hospitalar e perdas de dias de trabalho, como também por sua letalidade que pode chegar a 40% nos casos mais graves. Segundo divulgado no site Centro de Vigilância Epidemiológica, em 2017 foram notificados 2754  no Estado de São Paulo com 61 óbitos 
 
“Nesses episódios de tempestades, a urina do rato presente em esgotos e bueiros, mistura-se à enxurrada e à lama das enchentes. Com isso, a bactéria leptospira interrogans, causadora da doença, afeta os indivíduos ao penetrar na pele molhada ou com ferimentos, via mucosas, e também pela ingestão de água ou alimentos contaminados”, explica a médica infectologista e membro da Sociedade Paulista de Infectologia, Dra. Lucy Vasconcelos.
 
Febre, dor de cabeça e dores pelo corpo, principalmente nas panturrilhas, são os principais sintomas da doença. Já nas formas graves, geralmente pode ocorrer no indivíduo icterícia, sangramento e alterações urinárias. “Aqueles que entraram em contato com água da chuva nos últimos 30 dias e apresentam algum desses sinais, precisam procurar atendimento médico”, alerta Lucy. 
 
A antibioticoterapia está indicada em qualquer período da doença. Os antibióticos utilizados, as vias de administração e o tempo de duração do tratamento dependem da fase da doença. Além de repouso, uso de sintomáticos e hidratação adequada, são de grande relevância no atendimento de todos os casos as medidas terapêuticas de suporte, que devem ser iniciadas precocemente, com o objetivo de evitar complicações e óbito. 
 
“As formas de prevenção desta doença são através de medidas dos órgãos públicos, como saneamento básico, moradias em condições dignas e combate aos roedores com dedetização e limpeza bueiros, córregos e rios. Já a população deve se responsabilizar pelos cuidados com suas residências, evitando deixar entulhos, acúmulo de lixos e objetos nos quintais servindo de esconderijo aos roedores”, finaliza a infectologista.
 
A Leptospirose é uma doença de notificação compulsória no Brasil e no Estado de São Paulo. Tanto a ocorrência de casos suspeitos isolados como a de surtos deve ser notificada, o mais rapidamente possível, para o desencadeamento das ações de vigilância epidemiológica.





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