Infectologistas alertam que vacina não é "Coisa de Criança", pode ser vital para o adulto


A previsível troca de microorganismos entre as pessoas, decorrente da chegada de 600 mil visitantes de outros Países para a Copa e a possibilidade de surtos de doenças transmissíveis levou a Sociedade Paulista de Infectologia a alertar que embora a vacinação seja ferramenta essencial para a saúde, não está sendo devidamente aproveitada e valorizada para os adultos no Brasil.

Os infectologistas citam dois exemplos marcantes, a decretação esta semana de emergência mundial sobre a poliomielite, pela Organização Mundial da Saúde, que é importante para o Brasil onde a doença foi erradicada na década de 70, mas para a qual apenas a população infantil está imunizada e a vacina contra o Zoster, com prevenção contra a própria doença e sua complicação, a neurite posherpética.  Esta vacina usada há mais de dez anos em outros países, só agora foi liberada pelas autoridades brasileiras e ainda assim está disponível apenas na rede privada.

Quem alerta para a necessidade de maior cuidado com a imunização é a presidente da comissão científica do congresso da Sociedade Paulista de Infectologia, Rosana Richtmann, do Instituto de Infectologia Emilio Ribas e representante da SBI  junto ao Comitê de Assessoramento em Imunização do Ministério da Saúde, CTAI.

A infectologista adianta que nunca a grade de um congresso da especialidade privilegiou tanto a "Vacinologia" e o motivo é tanto o advento de novas vacinas e são muitas, garante, como a preocupação dos médicos em proteger pacientes de doenças não infecciosas como cardiopatas, diabéticos ou pacientes oncológicos, de infecções que podem ser extremamente graves numa pessoa mais vulnerável. 

"A maior abrangência da vacina contra a gripe, incluindo crianças ate 5 anos de idade e reforçando a necessidade para pacientes com comorbidades, foi um avanço significativo", diz a especialista. Outro aspecto é que embora haja recomendação para vacinação contra o pneumococos  com a vacina conjugada em pessoas com mais de 50 anos, essa vacina só está disponível na rede privada e não na pública.

O Congresso vai abordar também o perigoso surto de sarampo no Nordeste, que atingiu Recife e Fortaleza e a necessidade de aumento da cobertura vacinal principalmente dos adultos, para evitar a disseminação da doença. Será analisada também a vacinação contra o HPV, implementada pelo Ministério da Saúde e apoiada pela Sociedade Brasileira de Infectologia e as possibilidades de novas vacinas no futuro próximo.


"Há muita pesquisa sobre a dengue por exemplo", diz Rosana Richtmann, e é provável que nos próximos anos seja disponibilizada uma vacina eficaz contra a doença que tanto tem afetado o Brasil, mas a preocupação maior é com surtos de doenças erradicadas, como a pólio, repete ela que, segundo a OMS, nos últimos seis meses foi detectada em 10 países da África e da Ásia e cuja ameaça se intensifica.